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A Lenda do Curupira!


A  Lenda do Curupira



O termo Curupira é justificado por Curu como sendo abreviatura de curumi e Pira, corpo. Assim, Curupira pode ser entendido como "aquele que tem corpo de menino".



No lendário indígena amazônico o Curupira apresenta-se como um moleque de aproximadamente sete anos, com o corpo coberto de longos pêlos e tendo os pés virados para trás.

As primeiras informações foram registradas pelos portugueses, nos primeiros séculos do descobrimento, e desde aquela época é visto como um ente maléfico, um demônio ou um mau espírito. Entretanto, quando nos aproximamos das verdadeiras fontes, as informações tornam-se diversas: ora é um duende benfazejo; ora um demônio; ora um gnomo; e ora um ogro, uma espécie de bicho papão para assustar as crianças.

O ponto em que todos são unânimes é quanto sua condição de deus nativo das selvas, um protetor.

Dizem que o Curupira gosta de sentar na sombra das mangueiras para comer os frutos. Lá fica entretido ao deliciar cada manga. Mas se percebe que é observado, logo sai correndo, e numa velocidade tão grande que a visão humana não consegue acompanhar. "Não adianta correr atrás de um Curupira", dizem os caboclos, "porque não há quem o alcance".

A função do curupira é proteger as árvores, plantas e animais das florestas. Seus alvos principais são os caçadores, lenhadores e pessoas que destroem as matas de forma predatória.

Na sua Geografia dos Mitos Brasileiros, Cascudo expõe o seguinte trecho: “vigiando árvores, dirigindo as manadas de porcos do mato, veados e pacas, assobiando estridentemente, passa a figura esguia e torta do CURUPIRA, o mais vivo dos duendes da floresta tropical."

Para assustar os caçadores e lenhadores, o curupira emite sons e assovios agudos. Outra tática usada é a criação de imagens ilusórias e assustadoras para espantar os "inimigos das florestas".

Dificilmente é localizado pelos caçadores, pois seus pés virados para trás servem para despistar os perseguidores, deixando rastros falsos pelas matas, além do que sua velocidade é surpreendente.

Como protetor das florestas, castiga impiedosamente aquele que caça por prazer, que mata as fêmeas prenhes e os filhotes indefesos. Entretanto, ampara caçadores e pescadores têm na caça ou na pesca seus únicos recursos alimentares, ou que abate um animal por verdadeira necessidade.

Sobre o amparo aos pescadores existe a seguinte narrativa: entre os meses de novembro e maio, período das maiores chuvas, uma pesada cerração desce da copa das árvores e se espalha sobre a superfície das águas, cobrindo tudo com um espesso manto esbranquiçado. A navegação dos pequenos barcos sem instrumentos de navegação é praticamente impossível. Muitas vezes quando a cerração provocada pelas chuvas persiste por muito tempo, os tripulantes das canoas e dos pequenos barcos apelam para o remédio contra a cerração: colocam sobre a tolda uma cuia cheia de água, farinha e açúcar, o famoso Chibé.

Chibé para o Curupira beber e ter forças para espantar o fantasma da cerração.

O caboclo ribeirinho confia neste “remédio” e afirma que sempre dá certo: a cerração vai clareando e desaparece.

Os contadores de lendas dizem que o Curupira, muito traquino, também pode encantar adultos, pregando peças naqueles que entram na floresta. Por meio de encantamentos e ilusões, ele deixa o visitante atordoado e perdido. O encantado tenta sair da mata, mas não consegue. Surpreende-se passando sempre pelos mesmos locais e percebe que está na verdade andando em círculos. Em algum lugar bem próximo, o Curupira fica observando e seguindo a pessoa, divertindo-se com o feito.

Daí só resta uma alternativa: parar de andar, pegar um pedaço de cipó e fazer dele uma bolinha. Deve-se tecer o cipó muito bem escondendo a ponta, de forma que seja muito difícil desenrolar o novelo. Depois disso, a pessoa deve jogar a pequena bola bem longe e gritar: "quero ver tu achares a ponta".

Diz a lenda que, de tão curioso, o Curupira não resiste ao novelo. Senta e fica lá entretido tentando desenrolar a bola de cipó para achar a ponta. Vira a bola de um lado, de outro e acaba se esquecendo da pessoa a quem ludibriou. Dessa forma, desfaz-se o encanto e a pessoa consegue encontrar o caminho de casa.

Outro artifício que os caboclos utilizam quando percebem que são vítimas do Curupira, é fazer pequenas cruzes de madeira, fortemente amarradas com cipó, e esconder a ponta do nó. Dizem que o Curupira fica tentando desfazer o nó e se esquece do caçador, que pode então escapulir, safar-se.

Outro método consiste em cortar a casca da árvore com um golpe de facão ou terçado. Isso obriga o Curupira a parar e atender a árvore ferida, e permite ao caçador escafeder-se.
Porém, se você deseja evitá-lo e afastar sua influência, há uma fórmula que os antigos garantem ser infalível. Consiste em benzer o fumo e soprá-lo sobre o corpo antes de penetrar no mato.

O Curupira costuma também levar crianças pequenas para morar com ele nas matas. Após encantá-las e ensiná-las sobre os segredos da floresta durante sete anos, os jovens são devolvidos para as famílias.

As crianças levadas pelo Curupira nunca voltam a ser as mesmas depois de terem vivido na floresta e encantadas pela visagem.

Poderíamos dizer que o Curupira é um mito da preservação da natureza.

Nossa opinião é que o Curupira tem muito a ver com as instituições responsáveis pela preservação das florestas e dos ecossistemas, com os ativistas verdes, com as previsões científicas sobre o aquecimento global e com uma educação que encante os crianças e adultos para a implantação de uma nova forma de viver.


As fontes do tyexto: Painel de Lendas e Mitos da Amazônia - Franz Kreuter Pereira e divresos sites em especial Wikipédia e sityedicas.uol.com.br






Curupira


Tem altura de menino,
para frente é seu calcanhar,
sempre pronto a assustar
os que querem a natureza devastar.

Se, na mata, tiveres má intenção,
do Curupira, a magia,
ou encantos, ou a assombração,
te farão perder a trilha

Se o Curupira levar teus filhos,
os mistérios da mata lhes ensinará,
sete anos depois voltarão encantados,
cheios de amor para a natureza cuidar,
cheios de amor para a natureza cuidar.

Nos dias com cerração,
se fores caboclo de fé,
abre o tempo à navegação,
servindo, ao Duende, um chibé,
servindo, ao Duende, um chibé.

Nos dias com sol a brilhar,
muitos peixes no arpão,
noites prateadas de luar,
e redes no balanço da paixão,
e redes no balanço da paixão.

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