Máscaras Africanas
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Por Rodrigo Aguiar
(Caminhos Ancestrais)
A função dos rituais nas sociedades
Os
rituais são elementos fundamentais da cultura humana. Aparecem em
absolutamente todas as sociedades da terra. Em algumas, seus
integrantes, por vezes, não se dão conta de sua participação nos
rituais (como a nossa sociedade ocidental). Em outras, todos os atos
diários e cotidianos estão ligados aos aspectos religiosos e
ritualísticos.
Os
rituais são caracterizados por um conjunto de procedimentos práticos
cuja função é marcar determinado acontecimento ou materializar o
sagrado. Podem estar também ligados à evocação de eventos mitológicos
por meio de uma liturgia. Aos condutores dos ritos normalmente lhes são
atribuídos poder e prestígio.
Os
mitos, constantemente rememorados pelos ritos, podem ser definidos
como um corpo teórico que se expressa na forma de narrativas, por vezes
carregadas de conceitos éticos e morais. Podem ser tanto a maneira
como o grupo compreende sua origem na terra, bem como a explicação de
eventos com base no sobrenatural.
Neste contexto, os rituais de iniciação e de passagem poderiam ser definidos como a figuração simbólica de uma transformação
de personalidade. Estes rituais têm por função materializar a passagem
de um indivíduo para outro estado. Apresentam relação com a morte e
ressurreição (de um novo indivíduo), tendo em vista que o iniciado,
concluído o rito, assume uma nova identidade.
O uso das máscaras
A
utilização de máscaras em cerimoniais é prática comum há milhares de
anos. As máscaras são de fundamental importância nos rituais, sejam de
iniciação, de passagem, ou de evocação de entidades espirituais. As
máscaras apresentam-se, também, como elementos de afirmação étnica,
expondo características particulares de cada grupo. Assim, existe uma
enorme diversidade de formas, modelos, técnicas de confecção e
aplicações.
Normalmente,
a máscara é apenas um dos elementos utilizados nas cerimônias e
rituais, havendo a combinação com outras manifestações, como dança,
música e instrumentos musicais. Aparece ainda o uso de máscaras
associado a objetos de cunho animatista, como amuletos.
A máscara na África negra
Na
África, o artífice, antes de começar a esculpir uma máscara, passa por
um processo de purificação, com reza aos espíritos ancestrais e às
forças divinas. Tal prática faria com que a força divina fosse
transferida para a máscara durante o processo de manufatura.
Se
no passado era prática generalizada, o uso de máscaras rituais teve um
enorme declínio nas últimas décadas. Entretanto, a manufatura e o
emprego deste objetos continua sendo um aspecto fundamental na
identidade de vários grupos étnicos africanos. Por isso, já existem
pessoas que trabalham pela preservação deste hábito milenar.
A
máscaras são empregadas, basicamente, em eventos sociais e religiosos.
Além de representarem os espíritos ancestrais, em alguns casos objetivam o controle de forças espirituais das comunidades para um determinado fim, sejam estas forças benéficas ou malignas.
A matéria prima utilizada na elaboração das máscaras é diversificada. Entretanto, é a madeira a matéria prima mais comum. Isso porque os artífices acreditam que as árvores possuem uma alma, um espírito. A madeira seria interpretada como um receptáculo espiritual, sendo que parte dessa essência animista é transferida para a máscara, conferindo ao seu portador alguma espécie de poder. Na visão de muitos antropólogos, se trataria de um conjunto de forças invisíveis que atuam diretamente no controle social.
Para saber mais:
Mello, Luiz Gonzaga de. “Antropologia Cultural: iniciação, teoria e temas”.
Harris, Marvin. “Antropologia Cultural”.
Espina Barrio, Angel B. “Manual de Antropologia Cultural”.
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